A 10.ª Cimeira BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
tem início hoje em Joanesburgo, África do Sul, num evento em que foram
ainda convidados os presidentes de Angola e Moçambique.
A cimeira tem como tema a “Colaboração para o Crescimento Inclusivo e Prosperidade Partilhada na 4.ª Revolução Industrial”.
Para além dos chefes de Estado de Angola, João Lourenço, e de
Moçambique, Filipe Nyusi, foram ainda convidados a participar os
presidentes Hage Geingob (Namíbia), Ali Bongo Ondimba (Gabão), Ali Bongo
Ondimba, Yoweri Museveni (Uganda) e Paul Kagame (Ruanda).
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, quer aproveitar a 10ª
cimeira BRICS, que arranca esta quarta-feira (25.07), em
Joanesburgo, para melhorar a imagem do seu país, depois de anos de
crises políticas com muitos casos de corrupção na era do seu antecessor
Jacob Zuma.
Mas esta cimeira também contará com a presença de
governantes de dois PALOP. Falando à imprensa, em Joanesburgo, na
apresentação do programa oficial da cimeira, Lindiwe Sisulu, ministra
das Relações Internacionais e Cooperação sul-africana, sublinhou que a
visita dos dois líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África
Austral (SADC) insere-se no âmbito da cimeira de líderes que pretende
reforçar as relações entre os BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul] e África.
"A adesão aos BRICS tem sido benéfica
para o nosso país e gostaríamos de garantir que o resto de África possa
também usufruir dos BRICS, particularmente agora que o continente começa
a dar os primeiros passos na criação de zonas de comércio livre, em que
a maioria dos países já assinou o acordo, que é um passo importante
para África", disse a chefe da diplomacia sul-africana.
"Criámos
um programa especial para que os Estados africanos possam participar e
uma ocasião adicional especialmente para os países membros da SADC, em
particular. A África do Sul preside atualmente à SADC e, na nossa
opinião, a grande maioria das questões que discutimos entre nós, na
região, poderiam beneficiar do acesso direto aos BRICS", adiantou a
ministra Lindwe Sisulu.
Segundo a governante, além de João
Lourenço (Angola) e Filipe Nyusi (Moçambique), participam ainda nesta
cimeira BRICS, mais seis chefes de Estado do continente africano,
nomeadamente da Namíbia, Gabão, Senegal, Uganda, Togo e do Ruanda.
O
encontro entre os líderes dos BRICS e os seus homólogos africanos está
agendado para o dia 27, último dia da cimeira, indica o programa
oficial.
Dez anos de cooperação
A
ministra afirmou que a 10.ª Cimeira BRICS será um "marco" na história
dos BRICS, porque representa uma década de cooperação. A reunião
culminará com a adoção da "Declaração de Joanesburgo" que inclui as
metas acordadas pelos cinco países membros do BRICS até ao final do
ano. A presidência rotativa da África do Sul decorrerá até 31 de
dezembro de 2018.
A 10.ª Cimeira BRICS, que reúne um grupo de
potências emergentes terá como tema a "Colaboração para o Crescimento
Inclusivo e Prosperidade Partilhada na 4.ª Revolução Industrial" e
decorrerá no Centro de Convenções de Sandton, no norte de Joanesburgo,
sede da bolsa de valores e da maioria das multinacionais globais com
operações em África.
"Nos
últimos anos, a África do Sul perdeu muita credibilidade ao nível da
política externa", afirma Philani Mthembu, diretor do instituto
sul-africano para o diálogo global. "A economia também se ressentiu, e
muito. Esta cimeira é uma oportunidade para o novo Presidente marcar
pontos, explicando as linhas mestras da sua política externa",
acrescenta.
Segundo Mthembu, "a África do Sul vai querer
aproveitar para reforçar a cooperação com países como a China, a Índia e
a Rússia, sem - no entanto - menosprezar os seus tradicionais bons
contactos com os Estados Unidos e a Europa. A África do Sul reconhece
que as relações internacionais podem ser um veículo muito importante
para a resolução de problemas locais".
"Por isso", diz o
especialista, "o Presidente sul-africano vai-se esforçar por incrementar
o desenvolvimento económico através do apoio ao comércio e ao
investimento externos também com os BRICS".
Infraestruturas, energia e empoderamento
Em
que áreas é que os BRICS poderão e deverão investir? As propostas
sul-africanas prevêem a construção de um centro de pesquisas medicinais,
em África, que deverá desenvolver vacinas e medicamentos contra doenças
como a malária, o HIV ou a tuberculose.
Outra área prioritária
será a das energias limpas. Um ponto igualmente importante é o
reconhecimento do papel das mulheres, cujo contributo para o
desenvolvimento não poderá ser esquecido, devendo - sim - ser apoiado,
afirma Jakkie Cilliers, analista do Instituto sul-africano para questões
de segurança.
Fonte: DW.
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